usem sua imaginação para descobrir o significado do título.
uh. então.
combinamos com a Andra de irmos a Erfurt sábado, para - finalmente - fazer compras na IKEA. deveríamos nos encontrar na Hauptbahnhof às 11h30, para pegarmos o trem de 11h40 ou, no mais tardar, de 11h52. mas o ônibus pra lá só passava aqui perto de casa às 11h39, então chegamos (Vinícius e eu) lá 11h52, em ponto, e fomos literalmente correndo pra plataforma 2 - quando chegamos, nada mais de trem. e nada mais de Andra.
fomos comer e esperar pelo próximo trem, o de 12h40. entramos no trem e tivemos a brilhante idéia de descer uma estação antes - afinal, a gente já estava vendo a IKEA, e, quem sabe, dali a gente não conseguiria andar até lá, sem ter que ir pra Hauptbahnhof de Erfurt e pagar mais de 8-€ (gente, isso dá mais de 20 reais) em metrôs e ônibuses e coisas assim. quê que ia custar a gente fazer uma tentativa? afinal, a gente já estava enxergando a IKEA; não podia ser tão longe assim. descemos, então, em Vieselbach e fomos andando na direção da loja.
o único problema é que tinha um mato nos separando de lá, então tivemos que dar uma volta enorme, passando por um Dorf (vilarejo) e depois por um caminho entre o mato (não no mato, era um caminho de pedras até bem largo, entre o mato). chegamos!!!!!!!!!
gente, que felicidade!! conseguimos descobrir o caminho mais curto, mais barato e definitivamente mais esperto até a IKEA!! só tinha um problema: por onde entrar? só conseguíamos ver o pessoal autorizado, que estava indo embora, um portão trancado e um medo: sim, estava escrito IKEA gigante no prédio. mas embaixo de IKEA, estava escrito distribution, em letras menores.
não, claro que ali não era só pra isso. claro que a loja estaria do outro lado do prédio. a gente só tinha que descobrir como chegar lá. claro.
fomos falar com a moça que estava ali na entrada, e dissemos que estávamos perdidos, que a gente queria fazer compras na IKEA. ela começou a rir e disse que a gente realmente estava perdido; que a gente tinha que ir até Erfurt (que ali perto poderíamos pegar um ônibus para Erfurt) e, de lá pegar outro ônibus ou o metrô até a loja.
saímos morrendo de rir, totalmente frustrados, na direção: Erfurt.
nisso, já não tínhamos mais água, que o racionamento acabou assim que vimos que "havíamos chegado" na IKEA. por sorte, encontramos um posto de gasolina, e entramos na loja de conveniência para 1. comprar água, 2. pedir informações sobre onde pegar o ônibus e 3. com sorte, descolar uma caroninha maneira. com um caminhoneiro (fantasiamos), daria uma história para contar na nossa vida toda. entramos na loja, compramos a água e descobrimos: no sábado não passa ônibus por ali. teríamos que andar até lá. descobrimos também que era mais perto a gente voltar o caminho todo até Vieselbach do que chegar até Erfurt. exaustos, mortos de calor, desanimados, frustrados, ficamos sentados no chão, no posto, na vã esperança de que alguém viesse perguntar o que fazíamos ali tão desamparados e nos oferecesse uma cordial carona até nosso destino final.
que nada, os alemães não se socializam.
mas o moço da loja nos disse que era 30min de caminhada até o Bahnhof de Vieselbach, o que estranhamos bastante, porque com certeza andamos mais tempo do que isso para chegar lá. assim sendo, fui convencida pelo Vinícius de que deveríamos tentar um caminho diferente, do lado da estrada, para ver se chegaríamos mais rápido. eu estava meio hesitante - sei lá né, andar na beira da estrada me parece deveras perigoso. mas aí vimos duas velhinhas chegando de lá e concluímos que, se elas não morrem ali, a gente também não. qualquer coisa era só eu me jogar no mato do lado, coberto de flores amarelas e algumas margaridas - pensei, mas não ousei contar ao Vinícius na ocasião. drama demais? nunca se sabe né.
fomos andando, e na maior parte do caminho havia sim um passeio para nós, ao lado da estrada, super tranqüilo - só quando quase estávamos chegando na Bahnhof tivemos que andar um tiquinho na estrada mesmo. mas é fato que não passou um único carro durante o trajeto todo. muito tranqüilo.
chegamos à Bahnhof, lugar de poucos amigos, total decadente. olhamos o horário do trem: o próximo passaria dali a uns 50min. sentamos no banquinho (semi quebrado, claro), e esperamos.
finalmente o trem chegou, entramos (eu, com meus pés doendo horrores - meus dedões, pra ser mais específica, porque meu tênis da adidas não foi feito para caminhadas - o bico de couro não cede; enfim). dali a uns 2min chegou um velhinho, que estava sentado na poltrona em frente à nossa, e pediu licença pra passar - mas como as malas dele estavam na minha frente, não consegui dar espaço o suficiente e - me diga, meu povo, o que aconteceu? ele pisou no meu pé. não, melhor: no meu dedão. esquerdo. eu quase morri. quase. mas ele pediu desculpas e realmente foi um acidente, então eu, juntando todas as forças do meu ser, sorri, dizendo: ,,kein Problem". (sem problemas).
por volta de 16h descemos em Erfurt e claro que a gente foi comprar roupa, que, afinal, a gente merecia. já tinha sofrido demais. quê que custa, um pequeno agrado, depois de tudo o que a gente passou? entramos na H&M pra dar uma olhada, comemos, entramos na Zara, voltamos pra H&M, comprei umas coisinhas, entramos numas lojas super bacaninhas, olhamos, olhamos, Vinícius comprou uma camiseta, meu pé (o pisado) já doía tanto que eu não conseguia nem pensar. fomos voltando pra Hauptbahnhof, decidimos entrar numa livraria - que o Vinícius tava procurando um livro, e acabei comprando a versão em alemão do primeiro volume de Gossip Girl; livro que deu origem à série de TV. 6,95-€, mais de 200 páginas; acho que foi um preço bom.
voltamos, finalmente, destruídos para a Hauptbahnhof (no caminho, compramos um Dönner e um Dürung, porque não tínhamos nada para comer em casa), e fomos esperar pelo trem pra Weimar. 20h, estava marcado. não; houve um atraso, ele chegaria às 20h20. ops, outro atraso, ele chegaria às 20h30. de saco cheio, o Vinícius foi pedir informações e foi informado de que, aquele dia, todos os trens para Weimar haviam sido cancelados. a gente teria que pegar um ônibus pra cá. oras, mas a gente teria então que pagar pelo ônibus?? - ficamos nos questionando. afinal, o trem pra Weimar a gente pega de graça com o Thoska, mas a ônibus a gente não tem direito. descemos; quando estávamos a caminho do ônibus, vimos no painel: trem com parada em Weimar, 20h39.
subimos de volta correndo e entramos sem nem olhar no trem da plataforma 2, em que constava "Weimar" no letreiro externo. entramos, as portas logo se fecharam, assim que nos demos conta: esse trem é da ICE. a gente não pode pegá-lo de graça. suamos frio, e ficamos torcendo 1. para não nos pedirem o bilhete, afinal, era só 15min até chegarmos ou 2. para entenderem que foi um acidente e nos perdoarem. foi quando eu li o letreiro interno do trem: ,,heute, kein Halt in Weimar". "hoje, não há parada em Weimar". tudo bem, tudo bem, o trem deve parar em Jena, Gera, sei lá, qualquer cidade ali perto; a gente desce lá e pega outro trem regional de volta pra Weimar. simples assim. foi quando ouvimos a doce voz informando: ,,nächster Halt: Leipzig" - "próxima parada: Leipzig". enlouquecemos. eram 3 horas de viagem de trem bala até chegar em Leipzig. era muito longe. Vinícius levantou e foi procurar alguém para explicar o ocorrido. o cara foi grosso com ele, impaciente, disse que a gente deveria ter percebido, e blablablá, e que chegaríamos em Leipzig às 23h. de lá, teríamos que pegar um trem para Weißenfels e, então, outro para Weimar. Vinícius voltou desesperado e foi me contar o que ele disse. desesperei também, lógico, e fiquei tentando lembrar se eu não conhecia ninguém em Leipzig que pudesse nos socorrer.
o cara passou por nós, olhando os bilhetes e, quando ele estava voltando, fui falar com ele. expliquei novamente o ocorrido, disse que entramos no trem por engano, que a gente era novo aqui, pedi mil desculpas e ele perguntou se eu havia entendido o que deveríamos fazer. disse que não exatamente, e fui com ele para ele me explicar exatamente o que seria. ele parecia mais calmo, felizmente. fui pra lá e ele foi me mostrando no computador os trens que deveríamos pegar, escrevendo num papel pra mim, para eu não esquecer. foi quando o trem parou em um daqueles sinais; estávamos em uma estação. Vinícius chegou correndo e perguntou se eles não poderiam nos deixar descer ali, que poderíamos tentar pegar um trem de lá, que era mais perto. ele disse que não; que não tinha como. voltamos, sentamos em nossos lugares. e o trem ainda parado.
foi quando o cara veio se aproximando. não, nem queria alimentar esperanças, ele não estava vindo falar conosco. mas sim, ele estava! disse que lhe deram permissão para abrir a porta para nós, e foi explicando super rápido que ele não conhecia aquela estação, mas que dali deveríamos mudar de plataforma e que então pegaríamos um trem de volta pra Erfurt, e, então, um ônibus pra Weimar. agradecemos um milhão de vezes e descemos do trem. momento de maior felicidade do mundo!! não iríamos mais para Leipzig!! Deus, que alívio! estávamos quase chorando, fomos correndo para a outra plataforma e olhamos o horário do trem: dali a 30min estaríamos rumando para Erfurt.
qual foi nossa surpresa ao notar o nome da estação em que estávamos. resumia o nosso dia, a nossa experiência maravilhosa daquele dia: Sömmerda. Só merda. claro. sinal dos céus.
ficamos rindo primeiro da nossa merda, depois da nossa grande sorte de o trem ter parado naquele sinal ali. esperamos e finalmente pegamos nosso querido trem para Erfurt. e olha só que máximo: o trem tinha 2 andares!! fomos para o de cima e ficamos apreciando a vista.
descemos em Erfurt, fomos direto para o ponto de ônibus - tava cheio de gente vindo pra cá. felizmente tinha lugar pra todo mundo e pudemos vir sentados. dali a quase 1h chegamos na Hauptbahnhof; em 23 minutos passaria o ônibus 7, que poderia nos deixar na Goetheplatz, centro. entramos no ônibus, chegamos na Goetheplatz, vimos um sinal luminoso suuuuper bonito, que vinha de uma loja. coisa impensável para Weimar, muito arrogante. kkkk. viemos pra casa, tirei meus sapatos, tomei o melhor banho da minha vida, comi, tremendo, 1/3 do meu Dürung e subi pra minha cama, pra começar a ler meu Gossip Girl. isso era por volta de meia noite.
meu corpo doía tanto que, mesmo com todo o cansaço, eu dormia muito mal, e um sono muito leve. 4h da manhã levantei pra pegar uma novalgina e aí dormi melhor.
morais do dia: 1. não fazer brincadeiras maldosas envolvendo mórmons. 2. não confiar mais no computador do que no ser humano. 3. usar sempre protetor solar. 4. caminhos mirabolantes potencialmente não dão certo. 5. não sair de casa só com blusa de frio, e sem água. 6 e mais importante. precisamos da Andra pra tomar conta da gente.
ps: fizemos um documentário em vídeo do nosso dia. quase todo. depois posto no youtube e deixo os links.
liebe Grüße
ps: de acordo com o Google Maps, nessa brincadeira, andamos algo em torno de 9km.
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8 comentários:
Afinal de contas, para economizar os 8 euros, vocês gastaram quanto? (sem contar as solas de sapataos).
Não consigo parar de pensar no tamanho do pezinho do alemão que pisou no seu dedão...
Renata, pensando bem, você estava precisando era de um danoninho.
eita nóis.
pelo menos você tem um toddynho com você!
compre um tênis de caminhada e aprecie a vista. carpe diem
gibson, foi tipo, a coisa mais engraçada do meu dia. engraçado? a desgraça (ou melhor, merda) alheia? sim, é engraçado, porque eu tenho tênis de caminhadas e se eu ficar perdido aqui, as pessoas falam português oahahoahoaoh.;
se joga!
EEEiii queridaaa! que saudade de vc! To numa época apertada na faculdade... mtos trabalhos, provas, enfim... tem um bom tempo que não venho aqui neh? mas hoje arrumei um tempinho e vim! Li sua aventura! que isso... ahahahahah! Na hora deve ser desesperante neh? mas depois acaba que fica sendo uma experiência ótima! Vai ter historias boas pra contar pros netos!!! Se cuida por aí querida!!! saudade imensaaa!!!
Beijosss :*
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