segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Genève

Falarei hoje sobre minha breve viagem à Suíça - Genebra.

Pela primeira vez na minha vida, viajei sozinha. Digo, viajei sozinha para uma cidade em que eu não conhecia ninguém. Vale ressaltar, uma cidade onde se fala a língua francesa, a qual eu ainda não falo.

Cheguei lá, de cara tive contato com a maravilhosa simpatia suíça. Pessoas extremamente mal educadas, grossas, me tiraram do sério. Depois de rodar um tempão na estação, tentando encontrar alguém que pudesse me dar informações sobre como chegar no albergue, encontrei uma família falando português e nem hesitei: "vcs falam português!", foi tudo o que eu consegui dizer. Solícitos, como só os brasileiros são, me deram mil explicações e até um mapa. No final, vieram perguntar daonde eu era; falei que de Belo Horizonte - e não é que eles acharam que eu era de outro país? Disseram que meu sotaque tava diferente.. será? Logo eu, que ando falando português todos os dias? Hmm. Vai ver eu falo estranho normalmente mesmo. :p kkk

Enfim, peguei o tal train 15 (o 13 tb funcionaria), cheguei no hostel umas 9h30 da manhã. Daí me disseram que o check-in era só a partir das 14h. Felizmente eu poderia deixar minhas coisas num locker. Saí, andei, andei, andei. Andei. Andei mais um pouco, entrei numa loja (adivinhem? H&M, claro. Sou uma consumidora fiel.), andei, andei e andei. Peguei informações sobre museus, andei, encontrei finalmente um Deutsche Bank, peguei informações, troquei meu dinheiro (para os desinformados: a Suíça não usa euros, mas francos). Andei, andei. Em uma dessas andanças, uma mulher estava falando freneticamente do meu lado, en français. Percebi que ela comentava coisas inflamadamente comigo. Respondi um "pardon, mais je ne comprends pas, je ne parle pas français", e ela respondeu, ainda mais inflamada: "this is a french speaking country. How come nobody here speaks french??" e ficou esperando uma resposta minha. Eu zuckte mit den Achseln; dei de ombros, e ela me mandou um "au revoir" e foi-se embora. Caso eu tivesse mais presença de espírito, teria respondido "ich kann doch Deutsch sprechen. Das ist auch ein deutschsprachiges Land.", assim, em alemão. Um dia ainda serei mais espirituosa. Me aguardem.

(SAP: desculpe, mas não entendi, eu não falo francês -- este é um país de língua francesa. Como é que ninguém aqui fala francês?? -- tchau -- eu falo alemão. Este é também um país de língua alemã.)

Andei. Andei, andei. Olhei as horas; já dava pra eu tentar ligar pro João (avisando que eu estava viva e com saúde, coisas assim né). Testei o cartão de telefone que ele me deu; não funcionava lá. Daí que rodei a cidade inteira atrás de alguém que 1) me entendesse e 2) tivesse um cartão pra me vender. Com muito custo, achei o tal cartão. Liguei pra Anna, pra pedir que avisasse o João da permanência da minha vida/saúde, mas o telefone estava desligado. Oras, às terças-feiras ela tem aula à tarde. Eu sabia disso. Mas naquela hora, já era.

Resolvi comer alguma coisa antes de ir pro hostel. Parei em um - tchananan, vamos ver quem adivinha????? - mcDonalds, ou mcDô, como os franceses chamam. Pedi um exótico Bigmac (isso foi irônico) e me sentei num daqueles banquinhos para comer - tava lotado. Comi, com o maior custo (nunca consigo comer uma promoção inteira), e quando já estava desistindo das batatinhas, uma menina que estava a meu lado puxou conversa. Ela só falou francês, mas deu pra eu entender que ela tinha comprado um sorvete (mcFlurry), mas que a) não agüentava ou b) não tinha tempo de comer, e perguntou se eu gostava, se queria. Por que não? Aceitei. Momento de pura emoção, adrenalina a mil. Afinal, eu estava aceitando um doce de um estranho. A educação que recebi minha vida inteira me direcionava a evitar tal tipo de situação. Mas nessa vida, é necessário discernimento para.. aff, cansei de fazer drama. :) Enfim, aceitei, quando ela foi embora dei uma olhada se ela já tinha começado a comer ou se tinha algo de estranho, e nada. Tava um calorão. Tomei o tal sorvete. E tava bom! M&M's.

Fui ao hostel; entrando no quarto dei de cara com uma menina seminua, que se desculpou por tal. Lauren, australiana. Bastante simpática. Logo em seguida, conheci um brasileiro, Bruno, com quem acabei passando o resto do dia. Fomos andar pela cidade e conhecer a parte histórica, tals. Foi bacana, ele é super simpático e tem uns pontos de vida interessantes; tivemos conversas bem proveitosas, creio. Infelizmete eu perdi o email dele; não consigo encontrá-lo no orkut nem no facebook.. :/ Enfim. Rodamos um tempasso, cheguei no albergue semi-morta. Dormi, tals.

Na manhã do dia seguinte, fomos visitar a ONU. Antes de chegar lá, passamos no museu da cruz vermelha, onde não entramos porque estava um bocado caro. Mas o lado de fora já foi bem bacana. Tinha umas esculturas muito bad vibe, geniais, eu achei.

Na ONU, tivemos uma visita guiada, interessante mas sei lá. Eu sou desconfiada. Não acredito muito na bondade infinita dessa organização. (Alguém acredita?) Ok, tô sendo malvada, é bacana o trabalho deles e tal. Mas assim.. sei lá.

De lá, comemos, compramos minha passagem na gare (decidi voltar pra Grenoble ao invés de seguir viagem - a relação custo/benefício não era muito proveitosa) e voltamos pro hostel. À noite, combinei de sair com o Bruno, pra fazer qualquer coisa e despedir da cidade. Chegando no quarto, encontrei a australiana conversando com uma moça em.. espanhol..! Achei aquilo curioso; jamais pensei que ela falasse espanhol, sobretudo tão fluentemente. Descobri que a moça, Cláudia, era paraguaia de Assunción (isso lembra alguém??) e que a Lauren morou um ano no México. Ficamos conversando, eu enrolando um espanhol muito mentiroso (não dá nem pra chamar de portunhol; era pior do que isso), mas me fiz entender, então tá valendo. Logo depois, chegou outra menina, italiana, Maura. Daí o Bruno apareceu chamando pra sair, combinamos de ir dali a meia hora, e as meninas animaram de nos acompanhar (menos a Cláudia). Daí, apareceu um amigo alemão da Lauren, Christian, e depois chegou uma mulher que entrou no quarto falando "tem brasileiro aqui?" ! - é uma sensação sempre muito boa, encontrar outro brasileiro. O nome dela era diferente, como era? Hmm.. era o nome de uma flor, eu acho. Enfim.

Saímos, então, Bruno, Lauren, Maura, Christian e eu. Andamos um bocado atrás de uma pizzaria com um preço bacana, mas acabamos parando num Kebap. Claro. Acabei descobrindo que em uma certa região da itália, as pessoas não falam Coca-Cola, mas Rorra-Rola. kkkkkkk Achei isso divertidíssimo. Comemos lá, tals, conversamos e decidimos atravessar a rua para tomar um sorvete, artesanal. O lugar se chamava Love Me Do, suuper simpático, charmosinho. O sorvete (de chocolate, claro), uma delííííííícia. Enfim, voltamos pro hostel.

Na manhã seguinte reencontrei todos no café de manhã e, enfim, segui viagem de volta pra Grenoble.

E amanhã cedinho (6h22) pego, com o João, o trem pra Paris! Uh la la! Parrrrrrrrrrrrííííííííííííí! Onde os franceses não dizem bonjour, mas bonjouRRRR. Muito glamour.

Mas sentirei falta de Grenoble. Da cidade, das pessoas, da micro rotina que eu criei aqui. Sobretudo das pessoas. E da rotina. E da cidade. Enfim. (João é hors-concours)

Me desejem boa viagem. :)
Beijos em todos, liebe Grüße,
bonsoir.